terça-feira, 8 de março de 2016
Retiro Quaresmal - Terça-feira da IV Semana
Hoje, é um Padre do Deserto, daqueles primeiros ascetas cristãos, quem orientará o nosso caminho quaresmal. Trata-se de São Doroteu de Gaza, na Palestina do séc. IV, sempre muito atento em observar e descrever os movimentos interiores do coração humano. Eis suas palavras:
"Pensai num círculo traçado no chão, isto é, numa linha feita com um compasso, a partir de um centro; ao meio do círculo chama-se justamente centro. Aplicai o vosso espírito ao que vos digo.
Imaginai que este círculo é o mundo, que o centro é Deus, e os raios são as diferentes vias ou maneiras de viver dos homens.
Quando os santos, desejando aproximar-se de Deus, se dirigem para o meio do círculo, na medida em que penetram no seu interior, aproximam-se uns dos outros ao mesmo tempo que se aproximam de Deus. Quanto mais se aproximam de Deus, mais se aproximam uns dos outros; e, quanto mais se aproximam uns dos outros, mais se aproximam de Deus.
E compreendeis que o mesmo acontece em sentido inverso, quando as pessoas se afastam de Deus para se retirar para o exterior; é então evidente que, quanto mais se afastam de Deus, mais se afastam uns dos outros, e, quanto mais se afastam uns dos outros, mais se afastam também de Deus.
Tal é a natureza da caridade. Na medida em que estamos no exterior e não amamos a Deus, nessa medida, distanciamo-nos do próximo. Mas, se amamos a Deus, quanto mais nos aproximamos Dele pela caridade, tanto mais comunicamos a caridade ao próximo; e, quanto mais unidos estamos ao próximo, mais unidos estamos a Deus".
Palavras simples, diretas e práticas. Aliás, todos os santos doutores cristãos ensinam isto: a união com o Senhor Deus e a comunhão com os irmãos caminham sempre juntas; são diretamente proporcionais.
Um amor ao próximo simplesmente pelo próximo tem pernas curtas e não vai à fonte do amor nem dela brota, permanecendo sempre um amor de meio de caminho.
Pergunte-se hoje pela qualidade de sua relação com os demais:
Brota da raiz do amor a Deus?
Dá-se no interior do amor a Deus?
É motivada pelo amor de Deus?
Seu amor a Deus impulsiona-o em direção aos irmãos?
O fato de ser amigo de Deus faz de você alguém aberto e benigno, generoso e solícito em relação aos demais?
Pense nestas coisas...
Leia e medite 1Cor 13. É a oração que eu proponho para hoje...
E recorde: esse amor-caridade é o próprio Espírito do Senhor imolado e ressuscitado em nós, pois "o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado" (Rm 5,5).
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