Em síntese: O relativismo
é uma corrente que nega toda verdade absoluta e perene assim como toda ética
absoluta, ficando a critério de cada indivíduo definir a sua verdade e o seu
bem.
A pessoa é a própria
medida das coisas, ou seja, não reconhece nada como definitivo e que usa como
critério último apenas o próprio “eu” e os seus apetites. O indivíduo
se torna o padrão ou a medida de todas as coisas.
Todos estes, em sua maior parte, compartilham
um único tema unificador: que a moral absoluta não existe e que o
"certo" ou "errado" é inteiramente um produto da
preferência humana.
É claro que ao lado de verdades e normas
perenes, existem outras, de caráter contingente e mutável. Por isso a Igreja
rejeita o relativismo, e ao cristão toca o dever de testemunhar ao mundo de hoje
que a profissão de fé e a Moral católicas nada têm de obscurantista e de recusa
dos autênticos valores da civilização contemporânea.
O então Cardeal Ratzinger,, em uma de suas
homilias, nos diz que Vivemos a Ditadura do Relativismo, que é a infância (proposital)
na fé. Para lutar contra isso precisamos de maturidade em Cristo –Não devemos
permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Mas em que é que consiste
ser crianças na fé? Nos responde São Paulo: significa ser batidos pelas ondas e
levados ao sabor de qualquer vento de doutrina... (Ef 4, 14).
Esta é uma descrição muito atual!
Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes
últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamento.
Podemos
dizer que Tão cegos são os homens, que chegam a
gloriar-se da própria cegueira!"(Sto. Agostinho).
Passamos
por uma tempestade de pensamentos, em que as ondas parecem lançar de um lado
para o outro o pensamento, o conhecimento humano.
Vivemos
num mundo que passamos pela opressão do marxismo, até que chegamos a um grande
liberalismo (tudo pode), e hoje estamos vivendo a época de uma grande
libertinagem.
Havia a época em que vivíamos um grande coletivismo
(o grupo), e hoje chegamos a um grande individualismo, que é radical (e este
não apenas no que toca o lado material, mas principalmente o espiritual, onde o
que importa é o eu), precisamos nos abrir ao outro, como nos ensina o Papa em
um de seus discursos: "Dizem os Santos Padres: Imitemos
os mártires! Sempre é preciso morrer um pouco para sairmos de nós mesmos, do
nosso egoísmo, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das nossas tristezas, e
abrir-nos a Deus, aos demais, especialmente aos que mais necessitam".
(Papa Francisco, 13/10/2013).
Vagamos de um ateísmo
(não crença em Deus), e chegamos a um a um vago misticismo religioso (que é a inclinação para acreditar em
forças e entes sobrenaturais, ou a crença de que o ser humano pode comunicar-se
com a divindade ou receber dela sinais ou mensagens).
Passamos do agnosticismo (a pessoa crê em
Deus, mas não em uma religião) ao sincretismo (mistura de vários credos ou
formas de culto) e por aí adiante.
Vemos todos os dias nascerem novas seitas e
cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o engano dos homens, sobre a
astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14).
Para isso se faz necessário ter uma fé clara,
segundo o Credo da Igreja, para que não nos deixemos levar ao sabor de qualquer
vento de doutrina, ou seja, o pensamento de que o que importa é ter Deus, falar
de Deus, etc.
Vai-se constituindo uma ditadura do
relativismo que não reconhece nada como definitivo e que usa como critério
último apenas o próprio “eu” e os seus apetites, o estar feliz, ou satisfeito
naquela tempo ou momento.
Nós precisamos de uma fé enraizada na
intimidade com o Senhor, com a certeza de que "Ainda que o mundo
vire às avessas, que tudo fique em trevas, fumaça ou tumulto, Deus estará
sempre conosco.” (Pe. Pio de
Pietrelcina)
Nós, Católicos, pelo contrário, temos um
outro critério: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. É Ele a medida do
verdadeiro humanismo. Não é “adulta” uma fé que segue as ondas da moda e a
última novidade; adulta e madura é antes uma fé profundamente enraizada na
amizade com Cristo. É essa amizade que se abre a tudo aquilo que é bom e que
nos dá o critério para discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso,
entre engano e verdade. Devemos querer: “Que eu não seja menos daquilo que é o
projeto de Deus para a minha vida". (Beato Pier Giorgio Frassati)
Por isso devemos amadurecer essa fé adulta.
Em Cristo, verdade e caridade coincidem. A caridade sem a verdade seria cega; a
verdade sem a caridade seria como um címbalo que tine (1 Cor 13, 1).
Precisamos ter amizade com Deus. Nesta comunhão das vontades,
realiza-se a nossa Redenção: ser amigos de Jesus, tornar-se amigos de Deus.
Quanto mais amamos Jesus, tanto mais O conhecemos, tanto mais cresce a nossa
verdadeira liberdade, cresce a alegria de ser redimidos. Daqui surge o
agradecimento... Obrigado Jesus, pela tua amizade!
O remédio
contra o relativismo, ensinado pelo Papa Bento XVI, o antidoto ao relativismo, é uma fé adulta, “firmemente enraizada
na amizade com Cristo”, afirmando a “verdade no amor”. Aos jovens precisa ser
ensinado e demonstrado que isso é uma verdade objetiva passível de ser
conhecida. Eles precisam aprender como a liberdade e a responsabilidade moral
agem em conjunto e levam à uma vida virtuosa. Uma sociedade que não reconhece a
verdade, não pode defender-se quando ameaçada.
Referência: Texto da homilia do então Cardeal Joseph
Ratzinger, futuro Bento XVI, pronunciada na Missa Pro Eligendo Pontífice,
celebrada no dia 18 de abril de 2005.
Pe. Alexander de Britto Silva
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