quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A Ditadura do Relativismo


Em síntese: O relativismo é uma corrente que nega toda verdade absoluta e perene assim como toda ética absoluta, ficando a critério de cada indivíduo definir a sua verdade e o seu bem.

A pessoa é a própria medida das coisas, ou seja, não reconhece nada como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio “eu” e os seus apetites. O indivíduo se torna o padrão ou a medida de todas as coisas.

Todos estes, em sua maior parte, compartilham um único tema unificador: que a moral absoluta não existe e que o "certo" ou "errado" é inteiramente um produto da preferência humana.

 É claro que ao lado de verdades e normas perenes, existem outras, de caráter contingente e mutável. Por isso a Igreja rejeita o relativismo, e ao cristão toca o dever de testemunhar ao mundo de hoje que a profissão de fé e a Moral católicas nada têm de obscurantista e de recusa dos autênticos valores da civilização contemporânea.

O então Cardeal Ratzinger,, em uma de suas homilias, nos diz que Vivemos a Ditadura do Relativismo, que é a infância (proposital) na fé. Para lutar contra isso precisamos de maturidade em Cristo –Não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Mas em que é que consiste ser crianças na fé? Nos responde São Paulo: significa ser batidos pelas ondas e levados ao sabor de qualquer vento de doutrina... (Ef 4, 14).

Esta é uma descrição muito atual!

Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamento.

      Podemos dizer que Tão cegos são os homens, que chegam a gloriar-se da própria cegueira!"(Sto. Agostinho).

      Passamos por uma tempestade de pensamentos, em que as ondas parecem lançar de um lado para o outro o pensamento, o conhecimento humano.

      Vivemos num mundo que passamos pela opressão do marxismo, até que chegamos a um grande liberalismo (tudo pode), e hoje estamos vivendo a época de uma grande libertinagem.

Havia a época em que vivíamos um grande coletivismo (o grupo), e hoje chegamos a um grande individualismo, que é radical (e este não apenas no que toca o lado material, mas principalmente o espiritual, onde o que importa é o eu), precisamos nos abrir ao outro, como nos ensina o Papa em um de seus discursos: "Dizem os Santos Padres: Imitemos os mártires! Sempre é preciso morrer um pouco para sairmos de nós mesmos, do nosso egoísmo, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das nossas tristezas, e abrir-nos a Deus, aos demais, especialmente aos que mais necessitam". (Papa Francisco, 13/10/2013).

Vagamos de um ateísmo (não crença em Deus), e chegamos a um a um vago misticismo religioso (que é a inclinação para acreditar em forças e entes sobrenaturais, ou a crença de que o ser humano pode comunicar-se com a divindade ou receber dela sinais ou mensagens).

Passamos do agnosticismo (a pessoa crê em Deus, mas não em uma religião) ao sincretismo (mistura de vários credos ou formas de culto) e por aí adiante.

Vemos todos os dias nascerem novas seitas e cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14).

Para isso se faz necessário ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, para que não nos deixemos levar ao sabor de qualquer vento de doutrina, ou seja, o pensamento de que o que importa é ter Deus, falar de Deus, etc.

Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio “eu” e os seus apetites, o estar feliz, ou satisfeito naquela tempo ou momento.

Nós precisamos de uma fé enraizada na intimidade com o Senhor, com a certeza de que "Ainda que o mundo vire às avessas, que tudo fique em trevas, fumaça ou tumulto, Deus estará sempre conosco.” (Pe. Pio de Pietrelcina)

Nós, Católicos, pelo contrário, temos um outro critério: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. É Ele a medida do verdadeiro humanismo. Não é “adulta” uma fé que segue as ondas da moda e a última novidade; adulta e madura é antes uma fé profundamente enraizada na amizade com Cristo. É essa amizade que se abre a tudo aquilo que é bom e que nos dá o critério para discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso, entre engano e verdade. Devemos querer: “Que eu não seja menos daquilo que é o projeto de Deus para a minha vida". (Beato Pier Giorgio Frassati)

Por isso devemos amadurecer essa fé adulta. Em Cristo, verdade e caridade coincidem. A caridade sem a verdade seria cega; a verdade sem a caridade seria como um címbalo que tine (1 Cor 13, 1).

            Precisamos ter amizade com Deus. Nesta comunhão das vontades, realiza-se a nossa Redenção: ser amigos de Jesus, tornar-se amigos de Deus. Quanto mais amamos Jesus, tanto mais O conhecemos, tanto mais cresce a nossa verdadeira liberdade, cresce a alegria de ser redimidos. Daqui surge o agradecimento... Obrigado Jesus, pela tua amizade!

O remédio contra o relativismo, ensinado pelo Papa Bento XVI, o antidoto ao relativismo, é  uma fé adulta, “firmemente enraizada na amizade com Cristo”, afirmando a “verdade no amor”. Aos jovens precisa ser ensinado e demonstrado que isso é uma verdade objetiva passível de ser conhecida. Eles precisam aprender como a liberdade e a responsabilidade moral agem em conjunto e levam à uma vida virtuosa. Uma sociedade que não reconhece a verdade, não pode defender-se quando ameaçada.

Referência: Texto da homilia do então Cardeal Joseph Ratzinger, futuro Bento XVI, pronunciada na Missa Pro Eligendo Pontífice, celebrada no dia 18 de abril de 2005.
Pe. Alexander de Britto Silva

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