Hoje a Igreja celebra o
dia de finados, isto é, dia dedicado a oração e sufrágio daqueles que nos
precederam na fé.
Para compreendermos o
mistério que hoje celebramos é de capital importância compreender as três
dimensões da Igreja de Cristo. A Igreja não é somente um templo de pedra
situado em um espaço, do qual alguns fiéis se reúnem dominicalmente. Ela supera
muito, além disso, o corpo Místico de Cristo ultrapassa os limites do espaço e
do tempo, isto é, a Igreja é compreendida em três dimensões: Peregrina,
Padecente e Triunfante.
A Igreja peregrina
somos todos nós batizados em um único e mesmo Espírito, que caminhamos nesta
vida nas estradas do mundo rumo à pátria definitiva. A Igreja Triunfante é a
pátria definitiva, na qual reside o Majestoso e inefável Deus Uno e Trino e no
seio d’Ele todos os que venceram a carne, o mundo e o diabo, ou seja, aqueles
que perseveraram na fé e hoje gozam das alegrias eternas no Céu. Já a Igreja
Padecente é um estado de espírito do qual purga, ou seja, purifica aqueles que
já estão salvos, mas ainda precisam passar depois da morte por um processo de
purificação para apagar as consequências de alguns pecados que não foram
expiados na vida terrena.
O purgatório não é um
lugar intermediário entre o céu e o inferno, mas é o prosseguimento e o
cumprimento da atividade purificadora, que é uma componente sempre presente na vida da igreja. O Catecismo
da Igreja Católica nos explica:
(CIC 1030) "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após a morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu."
(CIC 1031) “A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no século presente e nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo eu outras, no século futuro."
No livro dos Macabeus
na Sagrada Escritura o autor sagrado diz: “Eis por que Judas Macabeu mandou oferecer esse
sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos
de seu pecado”. (2Mc 12,46).
O dia de finados é justamente o dia propício e
recomendado pela Igreja para oferecermos sacrifícios expiatórios pelas almas
daqueles que nos são mais caros e que continuam fazendo parte de nossas vidas.
Afinal, Jesus disse: "Eu sou a ressureição eu sou a vida. Quem crê em mim, mesmo
que morra, viverá... “(Jo 11, 17 -27).
Jesus também passou
pela experiência da morte para mostrar a todos que a morte não tem a última
palavra. Diante do mistério da morte nos faltam as palavras... A verdade é que
nós não nascemos para morrer. A morte não estava inclusa no projeto original do
Criador, ela entrou no mundo por consequência do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Entretanto, “se foi pela desobediência de um homem que
entrou no o pecado e a morte é também pela obediência de um homem que entrou a
salvação e a vida” (Rm 5, 19). Sim, Deus assumindo nossa natureza humana,
na pessoa do Verbo esvaziou-se de Sua glória e assumiu a condição de escravo a
fim de salvar o gênero humano. E salvou! Se em Adão todos pecaram e morreram em
Cristo todos reviverão!
Ele passou pela morte e
ressurgiu dela vitorioso! De modo, que podemos também nós como São Paulo, nos
texto aos Coríntios, zombar da morte – “A
morte foi tragada pela vitória. Ó morte onde está a tua vitória? Onde está, ó
morte, o teu aguilhão?” (I Cor 15,55) – A morte já não mata mais, perdeu
seu aguilhão fatal, na luta que com a vida travou.
O texto do prefácio da
missa dos fiéis defuntos relata que em Cristo “brilhou para nós a esperança da
feliz ressureição. E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da
imortalidade consola. Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada,
mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um
corpo imperecível.” Jesus Cristo se
entregou de boa vontade para que nós pudéssemos viver eternamente. Sim, Jesus
Cristo nos deu vida por sua morte!
Por esse motivo nós nos
direcionamos para as Igrejas, oratórios e cemitérios para implorar a Deus por
esses nossos irmãos queridos a fim de que eles recebam a plenitude da vida, que
consiste na perfeita contemplação da face de Deus.
A Mãe Igreja concede o
favor da Indulgência Plenária, ou seja, a graça da reparação para apagar todos
os efeitos do pecado a uma alma por dia. Isto significa, que, se a alma a quem
você atribuiu à indulgência estiver no purgatório irá imediatamente para o céu. Entretanto, para obter
as prerrogativas da indulgencia plenária em favor de alguém, a pessoa que
atribuiu deve cumprir algumas obrigações. Quais são elas?
Tudo o que devemos
fazer é ir a um cemitério de nossa escolha e lá, com fé e devoção, rezar pelos
defuntos. Feito isso, a Igreja, para melhor prover ao nosso bem espiritual e ao
crescimento de nossa fé, exige que, no espaço de uma semana (isto é, até o dia 09 de novembro), recorramos à confissão sacramental, comunguemos e rezemos nas
intenções do Sumo Pontífice o Papa. Estas três condições podem ser preenchidas
em dias diversos e em qualquer ordem. Lembrar que essa indulgência plenária
pela alma do purgatório pela qual rezamos; se essa alma já houver ido para o
Céu, Nosso senhor, em sua infinita misericórdia e sabedoria, aplicará a
indulgência à alma que desejar e que esteja mais necessitada. Aproveitemos essa
semana para exercitar a nossa comunhão com o Corpo Místico de Cristo, nessas
três realidades de Igreja: Padecente, Peregrina e Triunfante.
Matheus Barbosa dos Anjos
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